5/10/2005

Falsos Gurus da Administração - Dica de Livro

Não é possível se entender esses falsos gurus sem estudar um pouco da cultura e história dos americanos. Os EUA sempre foram um país que se gaba das oportunidades e do individualismo. Portanto, a partir do século XIX, foi comum se encontrar pessoas com idéias mirabolantes, os chamados "snake oil sellers", que iam para o Oeste, de cidade em cidade, vendendo seus produtos e idéias. Dessa tendência saíram por exemplo os Mormons, que seguiram Joseph Smith e depois seus discípulos até fundarem o Salt Lake City, os mineradores do Gold Rush que conquistaram a California, os pioneiros do petróleo, os Ray Krocs da vida com seus McDonalds, todos com suas pastinhas, dirigindo milhares de milhas país adentro, de carro ou carroça. Uma outra vertente desse espírito são os gurus de administração, que no início do século andavam de empresa em empresa, vendendo seus projetos mirabolantes. É claro que em parte essa iniciativa dos americanos foi boa, pois liberou uma criatividade, vontade de inovar e energia incríveis, que contrastam com os medrosos, burocráticos brasileiros. Porém, muita picaretagem também rolou, como a Amway, por exemplo e toda uma safra de gurus que se basearam em manipular pessoas com técnicas de persuasão que beiram o estelionato. Muitos leram o antiquíssimo livro "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" e usaram essas técnicas psicológicas para vender coisas absurdas. O americano sabe fazer isso muito bem: ele consegue envolver emocionalmente uma pessoa através de seu discurso, mas está frio e controlado por trás. Eu morei nos EUA e não podia acreditar em quanta malandragem tem por lá. Em termos de leis de defesa do consumidor, eles estão muito atrasados. Existe um livro com um nome imenso, "False Prophets: The Gurus Who Created Modern management and Why Their Ideas Are Bad For Business Today" de James Hoopes que precisa ser lido urgentemente. Ele expõe as bobagens que têm sido pregadas por séculos, inclusive o Peter Druker, um homem que apesar de ter defendido os judeus na Áustria nazista, chegou a pregar o uso das técnicas de produtividade fascistas nos EUA, baseado em uma suposta "bondade" dos americanos que poderia suavizar este modelo. Falando em Druker e sua administraçao "moral", há que se ter muito cuidado com gurus que misturam administração com religião. Isso é um completo desrespeito às regras de pluralidade de crença em uma sociedade democrática (forçando gente a participar de atividades religiosas, geralmente nova era, nos seminários), além de serem uma enganação como técnica de administração. É triste que ainda tanta gente pague uma nota para ver seminários e comprar livros de gente que não conseguiria enm administrar uma padaria. Cuidado com eles. As pessoas são motivadas com respeito, dinheiro e oportunidade de exporem suas idéias, crescerem e participarem do grupo. O resto é baboseira ou depende da própria pessoa (esforço pessoal e responsabilidade, coisas que não se ensina na empresa).

Um comentário:

  1. Gostei, cara. Há muito tempo não leio algo tão oportuno e verdadeiro. Vê se consegue levar isto para a midia, que estamos precisando.

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